Clarice Lispector é uma das escritoras brasileiras mais importantes do século XX. Provavelmente, li muitos textos dela no meu período escolar, mas não lembro de ter lido um livro de Clarice por inteiro, naquela época.

O livro dos prazeres apareceu na minha vida por meio de uma ida ao cinema. Assisti ao filme baseado nesse livro e fiquei curiosa. Comprei o livro, sem a expectativa de que o filme seria fiel ao mesmo. Ledo engano, o filme consegue trazer os muitos diálogos que Lóri, a personagem principal, trava internamente! O livro é de 1969, e é muito contemporâneo.
Uma história densa, em que a sensibilidade do leitor determina o nível de profundidade com que o livro lhe toca. O pano de fundo é um relacionamento entre uma mulher e um homem, e o relacionamento dessa mulher com ela mesma, com o mundo e com Deus. Questões existenciais, que mostram a complexidade de ser humano ou de ser mulher!
“lóri passara da religião de sua infância para uma não religião e agora passara para algo mais amplo: chegara ao ponto de acreditar num Deus tão vasto que ele era o mundo com suas galáxias: isso ela vira no dia anterior ao entrar no mar deserto sozinha. E por causa da vastidão impessoal era um Deus para o qual não se podia implorar: podia-se era agregar-se a ele e ser grande também.”
Clarice Lispector
Um banho de mar, a ida a uma feira ou a mudança das estações, não serão mais os mesmos após ler a narração desses momentos por Clarice. Assim, como o mar de Copacabana (sem querer dar spoilers).

A autora disse em nota, destaque na imagem acima, que esse livro estava muito acima dela.
Particularmente, eu acho que ao escrevê-lo ela permitiu-se agregar-se a Deus e ser grande também. É isso que acontece quando se colocam dons e habilidades a serviço do mundo!
Que leitura gostosa! Caso deseje saborear, adquira o livro aqui.